Sabe aquele frio repentino que te bate mesmo quando a noite está quente? Aquele frio que, mesmo com vários cobertores, você sente? Sabe a sensação de que você está caindo d

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Chupa-cabra

Sabe aquele frio repentino que te bate mesmo quando a noite está quente? Aquele frio que, mesmo com vários cobertores, você sente?

Sabe a sensação de que você está caindo da cama e se assusta, percebendo que foi apenas um engano? Sua mãe ou seu amigo já ouviu você falar sozinho, dormindo?

Pois é, o frio que você sente não pode ser aplacado porque está dentro da sua pele. A sensação de queda só vai piorar, acredite, pois eles estão te testando. A conversa que você tem dormindo não é loucura, muito menos sonho.

Se te aconteceu é porque você foi marcado.

Eles observam você.

Eles tocam em você.

Eles conversam com você.

E logo logo, quando menos esperar, acontecerá com você também…

INTERIOR DE BURITI BRAVO-MA, JULHO DE 2005

Eu estava de férias.

Estavam sendo as melhores férias da minha vida.

Desculpe! Eu… eu não me apresentei.

Eu sou Lucas, Lucas Mendes. Tenho 23 anos, mas na época tinha apenas15. Morava numa cidadezinha no interior do estado do Maranhão, Buriti Bravo, você conhece? Acho que não, mas se duvidar pode pesquisar no Google, com certeza vai aparecer.

Bem, como eu estava dizendo, estavam sendo as melhores férias da minha vida. Meu pai, Manoel, trabalha como lavrador. Minha, Maria, sempre o ajudava como podia e dessa vez ele decidiu colocar sua lavoura num interior meio distante da cidade, onde o solo era mais fértil. Mas ele não foi sozinho, os colegas de lavoura dele também foram, juntamente com outras pessoas que ele não conhecia. Formaram uma espécie de acampamento, um povoado chamado Pedras.

O porquê do nome? Simples. O vilarejo situa-se às margens do Rio Itapecurú. No local onde se realizam as atividades corriqueiras (banho, lavagem de roupa, etc) ficavam lindas pedras no meio do rio, formando uma espécie de mini-ilha.

Eu sempre fui vidrado por água, principalmente por pescaria. Por este motivo aquele local se tornou um santuário natural pra mim. Todos os dias (todos mesmo) eu ia pescar de manhãzinha. Saía pra procurar côcos babaçus e tucuns velhos debaixo das palmeiras ao redor de casa, pra quebrá-los e retirar os mingongos, uma espécie de lagartinha branca que se forma quando o côco ou tucum apodrecem. É excelente pra pescaria. Nossa, quando me lembro, me bate uma saudade…

As casas do vilarejo eram dispostas em semi-círculo. Casinhas simples, de taipa, teto de palha. As pessoas eram simples, que andavam de pé-no-chão, que tinham pouco dinheiro mas que sempre um sorriso estampado no rosto.

As fonte de renda alternativa era a criação de animais: porco, gado, mas principalmente, cabras e bodes. Como tinham!!! Era muito bonito vê-los descer a ladeira correndo aos montes. Grandes e pequenos, machos e fêmeas, pulando feito coelhos, de um lado para o outro em direção ao rio. Um verdadeiro paraíso.

Quer dizer, não tão paraíso assim.

Aquele verão, embora estivesse demais, também estava repleto de mistério. Várias cabras e bodes estavam desaparecendo misteriosamente. Eles saíam para pastar nas colinas ao redor do vilarejo e na floresta mas na volta sempre faltavam uma ou duas. Isso acontecia pelo menos uma ou duas vezes na semana, como meu pai dizia.

No mês de julho a situação havia piorado. As cabras estavam sendo mortas próximo às casas. Os corpos eram encontrados com as tripas para fora, como se alguma coisa tivesse as aberto por dentro. O detalhe? Não havia nenhuma gota de sangue nelas, estava completamente secas.

As pessoas começaram a comentar, a falar que era o tal de Chupacabra, aquele que eles ouviam falar que passava casos na TV da cidade. Me lembrei do Linha Direta. Meu pai não queria que eu estivesse lá naquele mês. Ele não acreditava, achava que era apenas uma onça ou raposa, nada mais, mas queria que eu ficasse seguro. Mesmo assim insisti e ele me deixou ir.

Pra completar, meu primo chegou no interior, viera passar o fim de semana com a gente, pra pescar. Pedro era o primo que eu mais tinha afinidade, um bom amigo pra aventuras, embora só tivesse 10 anos.

Estávamos jantando arroz com abóbora e peixe frito, minha comida favorita no mundo inteiro, quando ouvimos gritos no meio do campo. Quando saí, percebi que todos estavam ouvindo e saindo de suas casas com as lamparinas ou lanternas nas mãos e correndo, devagar para não apagar, pois não havia energia elétrica, a única luz que banhava o local era a da lua quarto crescente.

Meu pai correu até o quarto, pegou sua espingarda e saiu correndo rumo ao alvoroço lá em cima, no campinho dos bodes. Minha mãe começou a rezar, Pedro e eu corremos atrás do meu pai. Ouvi ao longe os gritos da mãe me chamando de volta mas a curiosidade falou mais alto. Com certeza ela não viria, minha mãe é medrosa demais.

Quando chegamos lá, vimos uma cena horrível. Muitas cabras estavam mortas, umas sobre as outras, suas vísceras expostas, tornando a cena ainda mais macabra. O mais estarrecedor é que não havia nenhuma gota de sangue. Como todas as outras havia apenas uma marca em forma de presa no pescoço de todas.

Seu Chico estava jogado no chão, imóvel, os olhos arregalados como se tivesse visto um fantasma. Sua esposa, dona Marta, chorava desconsolada.

  • Ôh meu Deus!! Chico!!! O que aconteceu, homem, fale comigo!!!
  • Meu Deus! Ele está gelado!! – disse Seu Joaquim, abaixando-se para tocar a testa.

  • O que diabos aconteceu aqui? – disse meu pai, ainda sem acreditar no que havia acontecido.

  • AAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!!! – gritou histericamente Seu Chico assustando a todos.

Ele começou a se espernear e se debater, se retorcia feito um louco, sempre com os olhos arregalados. Pedrinho se agarrou a mim colocando o rosto na minha camisa. Meu pai correu para segurar ele que parecia que estava vendo uma cena de terror.

  • Chico!!! Acalme-se homem!!! disse meu pai, segurando-o fortemente.
  • Nããããol!!! Gritava ele, e começou a chora como criança, como se estivesse voltando a si – Faça eles pararem!! Por Deus, por Deus, por Deus, eu não quero ver isso!!! AHHHHH!!!!

  • Calma!! Nós estamos aqui Chico, não está acontecendo nada. Falou a mulher do seu Joaquim.

Todos se olhavam e comentavam, pasmos, o que estava acontecendo. Dona Marta, levantou e se abraçou com a esposa de seu Joaquim, desolada. Às lágrimas enquanto o esposo se contorcia fazendo estalar os ossos.

  • Eu não entendo, Teresa – choramingava – Ele saiu porque ouviu o barulho das cabras berrando e alguns minutos quando eu saí ele… tudo… Santa Maria, mãe de Deus… rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte…

Seu Chico havia parado de gritar, estava suando e gemendo como se tivesse com todo o corpo doído. Pedrinho me soltou, mais calmo.

Enquanto todos ficavam em volta dele, eu ouvi um barulho na entrada da floresta, atrás de nós. Alguma coisa havia se mexido. Quando me virei para ver, fiquei paralisado: dois grandes olhos cor de fogo estavam olhando para mim. Eu simplesmente fiquei estático, não conseguia me mover. Aqueles… aqueles olhos ovalados, que nunca piscavam estavam me hipnotizando.

Quase que por impulso eu comecei a caminhar em sua direção. Os olhos estava ficando maiores, mais apavorantes. Um arrepio me percorreu a espinha, eriçando até o último fio de cabelo. Minhas mãos gelaram, o pavor tomava conta do meu corpo.

Eu queria o meu pai, mas não conseguia gritar. Os sons se misturavam na minha garganta e tudo que eu conseguia emitir eram sussurros. Um barulho como de ronco começou a sacudir as folhas das árvores meio metro acima da minha cabeça. A luz da minha lanterna de súbito iluminou o chão do matagal fechado e eu vi uma perna grossa, como cascalho, coberta por grossos pêlos prateados.

Os pés eram semelhantes aos nossos mas havia dois dedos a mais e eram compridos além do normal. Meu coração estava prestes a ter um ataque cardíaco. Eu parei a menos de meio metro dos olhos. Pude sentir a respiração dele… ó Céus!!!

  • Lucas!! Filho!!! – Agarrou-me meu pai. Você… você não me ouviu, filho…. Lucas??

Eu olhei para meu pai de olhos arregalados.

  • Meu filho você está gelado.
  • Ele existe.. pa-pai!! Ele… – eu disse, quase sussurrando.

Olhei para o mato de novo. Nada.

  • O que, filho? O que você viu?
  • O Chupacabra!!! – falei sussurrando de modo assustador.

Algo se mexeu na floresta. Meu pai levantou sobressaltado e mirou sua arma para o mato.

  • Ilumine pra lá, Lucas!! – ordenou ele.

Eu obedeci. Girava a lanterna de um lado para outro enquanto meu pai caminhava a passos suaves para dentro da mata. Uma mão fria segurou meus ombros por trás, seguida por uma voz grave.

  • O que ele está fazendo ?

Era o Seu Joaquim.

  • Tem alguma coisa lá – Respondi.

Me dei conta que não falava com Pedrinho a alguns minutos. Procurei por ele no meio do pessoal que ainda conversava com Seu Chico, não estava lá. Olhei para leste e vi que Pedrinho estava caminhando para próximo da floresta e… para os olhos de fogo.

  • PEDROOO!!!! – gritei, ao passo que saí correndo o mais rápido que pude.

Não! Meu primo não!

Me joguei em cima dele e caímos no chão. Ouvi o tiro da arma do meu pai ecoar no ar, assustando a todos. Um esturro como de onça misturado com acordes metálicos fizeram todos apavorarem-se e gritarem de pavor enquanto corriam amedrontados pra dentro de suas casas, clamando por Deus e pela virgem. Olhei para o mato e vi que os olhos macabros estavam brilhando de forma mais intensa, iluminando tudo ao redor, cegando-nos momentaneamente.

  • Lucas afaste-se daí!!! Gritou meu pai.

Um som como de arma a laser carregando pôde ser ouvido e um estrondo de luz arremessou a Pedro e a mim a metros de distância, assim como aos poucos que ficaram. Pude sentir as ondas de luz atravessarem meu corpo de forma tremendamente assustadora, acredito que todos sentiram. A paralisação foi total, por alguns milisegundos que mais parecendo semanas.

Num piscar de olhos a luz partiu, como raio, floresta adentro deixando boquiabertos de pavor os corajosos. Aos poucos nossa visão foi recuperada e ainda pudemos ver feixes de luz que ficavam cada vez mais fracos, à medida que o Chupacabra adentrava a floresta.

Um alvoroço se fez com os homens que ficaram.

  • É o fim do mundo!!

-Temos que deixar esse lugar o mais rápido possível!!

  • Acalmem-se!!! Gritou meu pai – Nós temos que buscar uma solução juntos! Não podemos simplesmente abandonar nossa terra dessa forma, seja pelo que for.
  • Mas você não percebe?! Se ficarmos vamos morrer pelas mãos do Chupacabra! – lamentou Teresa, a única mulher a ficar.

  • E se nós conseguirmos capturá-lo, Teresa? Iremos ganhar milhões e aí sim, poderemos ficar tranquilos. O que os senhores cientistas não pagariam por ele? Sem contar que podemos vingar as nossas perdas!!! Pessoal, mesmo morto, o Chupacabra vai nos deixar milionários…

  • Ou mortos – retrucou a mulher.

-Eu não sei porque ele escolheu esse lugar. Não sei se foi só pelas cabras, ou pela floresta fechada, Eu-não-sei. Mas se vocês não forem, eu irei sozinho.

Um silêncio tomou conta do local. Todos estavam pensativos. Quebrando o gelo, Seu Chico disse:

  • Eu topo. Esse desgraçado me fez ver coisas horríveis. Eu lembro que a luz dele me paralisou e não consegui fazer mais nada além de sentir dor. Vi milhares de crianças sendo mortas, sem piedade, o sangue delas sendo sugado, meu pior pesadelo veio à tona… eu quero matar esse desgraçado!

Pedrinho puxou minha camisa e sussurrou:

  • Ele também falou com você?

Eu o olhei, incrédulo.

  • Como?
  • Ele queria que eu fosse com ele, você não ouviu?

  • O que mais ele disse pra você? Continuei, agora olhando nos olhos dele.

  • Que ele nos vêem o todo tempo, mas nós não os vemos. Eles não moram só na floresta, eles só vem estão com fome…

  • Ah não!

Pedrinho chegou perto do meu ouvido e disse sussurrando, pausadamente:

  • Ele está nos observando agora!

Levantei a cabeça sobressaltado, tenso, olhando de um lado para o outro, mas a única coisa que pude ouvir as últimas palavras de meu pai.

-… E agora vamos pra casa, preparar nossas munições. Amanhã, nós vamos caçar esse maldito Chupacabra!!!

“Satanás também opera por meio dos elementos a fim de recolher sua colheita de almas desprevenidas. Estudou os segredos dos laboratórios da Natureza, e emprega todo o seu poder para dirigir os elementos tanto quanto o permite Deus…. Mesmo agora está ele em atividade. Nos acidentes e calamidades no mar e em terra, nos grandes incêndios, nos violentos furacões e terríveis saraivadas, nas tempestades, inundações, ciclones, ressacas e terremotos, em toda parte e sob milhares de formas, Satanás está exercendo o seu poder. Destrói a seara que está a amadurar, e seguem-se fome, angústia. Comunica ao ar infecção mortal, e milhares perecem pela pestilência. Estas visitações devem tornar-se mais e mais freqüentes e desastrosas. A destruição será tanto sobre o homem como sobre os animais.” – O Grande Conflito, págs. 589 e 590.

ÛžÛžÛž

Acordei no meio da noite sobressaltado. Tive um brusca sensação de que estava caindo da rede e me assustei. Já aconteceu com você? A luz da lamparina na sala iluminava o teto de palha. Me virei de bruços e olhei pra rede de Pedrinho. A sensação térmica estava baixa, estranha. Eu estava com frio. Não aquele frio que você se cobre com dois ou três lençóis e passa, mas um frio por baixo da pele, que faz você se arrepiar várias vezes seguidas. Você já sentiu isso?

Me virava de um lado pro outro procurando uma maneira de voltar a dormir. Os acontecimentos de horas atrás ainda permeavam minha mente, provocando uma inquietação sobrenatural. Se eu contasse ninguém iria acreditar. E ainda houve a conversa com Pedrinho que me deixou mais nervoso ainda.

“Ele está nos observando agora!”. Se tudo que eu acreditava que fosse lenda fosse realidade, então estaríamos vivendo num mundo perigoso demais. E se eles fossem alienígenas tentando dominar a Terra? E se for obra de Satanás para maltratar a raça humana? Onde estaria Deus então? Seria, o Chupacabra de outra dimensão? Ahh não! Minha cabeça estava a mil. Não sabia mais o que pensar.

De repente comecei a ouvir sussurros vindos da rede de Pedrinho. Sussurros que, ao apurar a audição, percebi que era uma conversa.

– Não – sussurrava ele – Eles não são más pessoas.

Entre uma frase e outra ele parava, como se estivesse ouvindo outra pessoa falar e em seguida continuava.

– Por que vocês não vão embora?

– Eu não quero ir com vocês, meu pais não vão deixar.

– Não… ele tem muito medo. Ele não acreditou no que você me disse.

– Sangue? Eu não gosto de ver sangue.

– Por que você não nos deixa em paz ?

Eu me levantei devagar. A corda rangeu na madeira a que estava atrelada, fazendo um som incomodante. Sob a pouca luz que vinha da sala, levantei e calcei meus chinelos, indo em direção à rede de Pedrinho. Comecei a chamá-lo, baixinho e a tocá-lo sacudindo de leve.

– Você não pode me levar. Meus pais vão ficar tristes – sussurrava.

Eu fiquei aflito porque agora sua voz estava tensa. Sacudi ele mais forte e disse :

– Acorda!!!

Instantaneamente senti um vento passar por mim em direção a porta. Meu coração disparou. Havia alguma coisa conosco. Tirando coragem de não sei onde, caminhei em direção à cortina que servia como porta do quarto. De súbito a cortina levantou e ficou balançando como se alguém tivesse passado correndo por ela. Nervoso, me encostei na parede de barro, ofegante, fechei os olhos e respirei fundo. Continuei.

Bem lentamente levantei a cortina e com apenas uma parte do olho descoberta olhei para a sala. Parecia normal. Não havia barulho nenhum, nem mesmo dos grilos que todas as noites cantavam. Caminhei sorrateiro até a porta, feita de talos de côco secos e olhei, por entre as brechas, para fora. Estava tudo turvo, a iluminação que via eram os vaga-lumes rodopiando no ar. Me virei para voltar ao meu quarto mas fui surpreendido por um vento forte, um sopro que passou por mim e apagou a lamparina.

Minha respiração ficou ofegante.

– Santo Deus, murmurei baixinho.

Não queria assustar meus pais.

E do canto da mesa, na escuridão que se formou eu vi abrirem-se os olhos, aqueles olhos que tanto me apavoravam. Eles se ergueram até minha altura e vieram em minha direção. Tentei me afastar mas tropecei na cadeira e caí no chão. Os olhos vinham ao meu encontro e eu gritei:

– PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAII!

Num pestanejar eles já não estava lá. Meu pai e minha mãe apareceram apavorados. Pedrinho também levantou cambaleando,sem entender. Minha mãe estava com uma lanterna na mão e correu para acender a lamparina.

Ao me ver, ficaram ainda mais assustados.

– Pelo amor de Deus, neném, o que aconteceu? – preocupou-se minha mãe.

– Você está suado meu filho – disse meu pai levantando-me do chão de terra batida e passando a mão na minha testa.

– O Chupacabra estava aqui, pai. Ele quer me levar!

Num gesto de carinho, Pedrinho me abraçou pela cintura. Eu retribui a demonstração de afeto.

– Filho, acalme-se. Você deve ter tido uma crise de sonambulismo, daquelas que de vez em quando você tem.

– Vocês não entendem, disse eu chorando. Essa coisas que acontecem são ele!!! Os arrepios na espinha, a sensação de queda que você tem às vezes, o sonambulismo, o frio… é ele me chamando!!!

Minha mãe apenas me abraçou e disse que ia passar.

– Quando anoitecer de novo vamos acabar com isso, filho, eu prometo – disse meu pai.

Voltei pra rede e me deitei olhando para o teto. Ao longe ouvia meus pais falando baixo. Comecei a chorar, mas não disse mais nada.

– Lucas – disse Pedro, falando baixinho.

– Oi Pedrinho – respondi tentando esconder o choro.

– As vezes eles tiram sangue de nós enquanto estamos dormindo.

– O quê ? – me surpreendi.

– Eles me falaram que esses sinais que a gente tem na pele, esses pretinhos, são as marcas de que eles tiraram nosso sangue. Mas eles nunca beberam. A quantidade de sinais que você tem, significa a quantidade de vezes que eles tiraram de você enquanto você dormia, com agulhas muito finas.

– Vai dormir, pequeno, disse o mais suave que pude, mesmo estando mortificado – Você vai ficar bem, eu prometo.

ÛžÛžÛž

Convenci meu pai a me levar com ele à caçada, mesmo que fosse apenas para segurar a lanterna. Eu não podia ficar parado. Eu tinha perguntas que precisavam ser respondidas, lacunas que deveriam ser preenchidas. Além do mais eu não me aguentaria de ansiedade.

– Eu também quero ir.

– Não Pedrinho – negativei – Você não pode ir.

Me abaixei para falar com ele.

– Se tudo que você me falou for verdade, você está mais seguro aqui, entendeu?

Ele afirmou balançando a cabeça. Não sei porque eu gostava tanto do Pedrinho. Talvez porque não tivesse irmãos. Mas enfim, havia chegado o momento.

Despedimo-nos da minha mãe, que começou a chorar e pedir pra o Senhor nos abençoar contra os laços de Satanás. Subimos em direção ao campinho onde estavam os outros, ajeitando as cabras. Marquinho, filho do Seu Joaquim, dois anos mais velho que eu, começou a “tocar” as cabras para a vereda que dava acesso ao pasto do terreno rochoso, ao norte, às margens do rio. Pra quem não sabe, “tocar” animais em grupo aqui significa “guiar”.

Os animais foram na frente e nós atrás. Eu estava acompanhando Marquinhos e nossos pais logo em seguida.

– O que você acha de tudo isso Marquinho? – perguntei.

– Esse bicho não vai tanger a gente daqui. Eu não vou permitir isso – respondeu ele, sério.

Marquinho sempre viveu em interiores. Por isso tinha pouco conhecimento, mas muita coragem. Desde que eu o conheci que sei que ele sempre trabalhou na lavoura, saia pra caçar sozinho, cuidava dos animais, enfim.

Chegamos no local. Era uma colina com rochas enormes espalhadas pela sua extensão. No final havia uma ribanceira que dava para uma queda de mais de 6 metros rio a dentro. O pasto era mesclado, na parte de baixo havia uma grama verde e na parte de cima uma matapasto de Unha-de-Gato (sabiá), uma planta de muitos espinhos no caule. Um local belíssimo.

O sol estava se escondendo detrás das colinas no horizonte. O céu estava ficando menos azul e mais alaranjado a oeste. As primeiras estrelas começavam a surgir e a lua começou a brilhar com mais intensidade à medida que o sol se punha. Vendo aquele momento singular, eu senti um pouco de paz. Minha convicção só aumentou naquele lugar. Tínhamos que defendê-lo a qualquer custo.

ÛžÛžÛž

Olhei no meu relógio: 23:00 horas. Estávamos a horas escondidos atrás das rochas. Só a floresta densa nos cercava. As cabras mal berravam, ouvíamos apenas os sinos. Ao longe ouvíamos algumas pancadas na água, como rebanadas. Meu pai disse que era um dos grandes surubins que habitam o rio e só saem a noite para comer peixes menores e algum desavisado que ousar nadar no rio. A esta altura eu não duvidava mais de nada.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo aumento dos berros das cabras. Elas estavam alvoroçadas. Eles deviam estar por perto.

– Apague a lanterna, Lucas, deixe apenas a luz da lua.

Meu coração acelerou. Um barulho como de sonar começou a ecoar dentro da floresta. Ele zoava em sequencia. Semelhante àqueles radares que localizam coisas no espaço ou no mar. O barulho aumentou. Estavam perto, vindo do leste, pelo lado alto. Pude observar uma luz se aproximando, intensa.

Eis que ele surge de dentro da floresta. Meus olhos arderam enquanto todo o local iluminava-se de uma luz sobrenatural. Era uma bola de luz fluorescente em forma de círculo que flutuava a mais ou menos meio metro do chão. Coloquei meu óculos escuros, assim como todos, e pudemos vislumbrar com pavor, escondidos, aquela cena que se contássemos ninguém acreditaria.

A coisa flutuante parou bem próximo dos animais, emitindo ondas de luz que faziam o capim e as plantas balançarem em sequencia, como se fossem ondas. As cabras estavam saltando umas sobre as outras. Meu pai fez um sinal com as mãos, indicando para prosseguirem para mais próximo do inimigo, sempre se escondendo através das rochas. Ele correu agachado de uma pedra para outra, seguido por mim. Chegamos bem próximos.

A luz emitida ficou um pouco mais fraca. Um barulho estridente veio da nave em forma de globo de mais ou menos 3 metros de diâmetro. Uma brecha se abriu liberando uma fumaça azulada, seguida por um abrir de porta, que desceu lentamente tocando o chão. Meu coração batia desenfreadamente, não estava mais acreditando no que era real. Meu pai estava de olhos arregalados, mas manteve-se firme em suas atitudes.

Vi quando um braço curto e cabeludo foi posto para fora, segurando a borda da entrada da nave com suas mãos longas e afiadas de apenas três dedos. Logo em seguida, a criatura colocou a cabeça para fora, cheirando o ar. Os grandes olhos amarelos estavam lá. O ser não tinha nariz para fora, mas orifícios minúsculos e nenhuma boca. Seu queixo era afilado contrastando com a cabeça em forma de cuia.

O chupacabra estava lá! Ele era real! Eu vi!

Ele desceu da nave e eu percebi que suas pernas eram grossas como a de um tiranossauro e muito ressecadas. O corpo era coberto de pêlos prateados que ficam brilhando de segundo em segundo, como um pisca-pisca de natal, só que com menos intensidade. Em sua costas, haviam uma sequencia de espinhos grandes, grossos e pontiagudos que parecia sair da sua coluna, eles terminavam na região fecal, de onde saía uma imensa calda, que se mexia como serpente. Na ponta da cauda havia… havia um orifício que abria e fechava. Havia presas lá!!! Haviam dentes pontiagudos. Que horror!! A boca na cauda soltava sons estridentes que me deixaram tonto.

O chupacabra caminhou até o curral, baixou um pouco a cabeça para sentir o cheiro dos animais. Em seguida, sua cauda-boca se aproximou de um animal, abriu-se, dando realce às enormes presas, que abocanharam o pescoço dele fazendo-o berrar de desespero. A calda levantou a cabra como papel, jogou no chão com muita força, enquanto ela se debatia e, aos poucos morria. A barriga da cabra começou a inchar, inchar… até que explodiu, exibindo suas tripas.

Todos ficamos horrorizados. Meu pai acenou para os outros se acalmarem. Levantou-se sorrateiramente e mirou na besta. Estragando tudo, Marquinho saiu correndo de detrás da rocha.

– Desgraçado!AAHHH!!! – gritou, dando um tiro que acertou a cabeça da criatura, arrebentando a parte direita.

O Chupacabra caiu se esperneando de dor enquanto de sua cabeça escorria um líquido azul espesso, brilhante como neon. A calda soltou gritos altíssimos, que fizeram todos tamparem os ouvidos, parando em seguida, imóvel. Em seguida, Marquinho foi até a criatura e olhou nos olhos dele.

– Era isso que você queria, besta-fera!!!

– Acalme-se Marcos! – bradou meu pai.

Marcos não se conteve e começou a chutar a cabeça da fera, que não se movia mais. Seu Joaquim o segurou e arrastou para longe. Havia acabado, simples assim? Não.

Começamos a ouvir ecos de sonares por todos os lados. Não era possível!!!

– Corram para seus postos!! Agora!!! – gritou meu pai.

Eu não estava acreditando. Assim que nos escondemos, mais três naves saíram da floresta. Elas rodearam todo o local. Uma parou em cima da pedra onde eu e meu pai nos escondíamos. Ouvi um barulho porta se abrindo. Vi através da sombra que se projetava em cima da pedra que outro Chupacabra desceu e ficou na beirada da rocha, derrubando pedras menores sobre mim.

Meu pai tapou minha boca com as mãos para que eu não gritasse. Estava suando, muito. Ouvimos gritos estridentes, os outros deveriam ter visto seu semelhante morto. O que estava sobre também gritou alto demais. A confusão no meu cérebro me fez deixar a lanterna cair e sair rolando ladeira abaixo.

– Corre. Agora. O mais rápido que você puder!!!

Outro urro estridente. Ele nos encontrou. Saí em disparada pela colina descendo o campo, peguei a lanterna e entrei na floresta. Ouvi tiros e mais tiros. Mas não olhei para trás. Cai diversas vezes nas ramas de batata selvagem até que não ouvi mais nada. Parei, ofegante, coloquei as mãos nos joelhos e tentei controlar a respiração. O que eu estava fazendo??? Eu não poderia abandonar todos ali. Eu tinha que voltar!!!

Um barulho na floresta me assustou. Eu apontei a lanterna mas não vi nada. De um lado para o outro. NADA. A luz da lanterna piscou, falhou.

– Não não não não não não!!!!

Bati ela na minha mão e ela acendeu repentinamente, iluminando a cara do meu pai, que quase me mata de susto.

– Papai!!!

– Filho, temos que sair daqui!!! Eles começaram a sugar o sangue de humanos!!!! – disse assustado.

– Mas pai… como, como ???

– Eles devem estar se vingando pelo que fizemos com aquele… ó Céus. Eles pegaram o Joaquim e o Chico. As tripas deles… vamos embora!

O eco dos sonares inundou nossos ouvidos. Uma luz se aproximava rapidamente.

– CORRE!!!

Disparamos em mais uma corrida pela sobrevivência. Corremos para leste, pra sair na estrada e voltar pra casa, mas uma nave estava vindo de lá. Tentamos todos os lados mas eles estavam por todos eles. Nos escondemos dentro de uma moita e ficamos em silêncio. Duas delas pararam na nossa frente. Meu coração queria sair do peito de tão pulsante que estava.

Eu vi a calda deles estava de fora da nave, por um orifício próprio. Começaram a se afastar para lado opostos mas uma cabra surpreendeu a mim e a meu pai entrando dentro do arbusto onde estávamos, berrando. As naves voltaram e apontaram uma espécie de laser pra dentro dos arbustos.

– Filho, eu vou atrasá-los!!! Corra!!

Eu corri o mais rápido que pude. Ouvi ainda alguns tiros e um grito. Minhas lágrimas não se contiveram e escorreram pela minha face, impedindo-me de ver melhor. Saí novamente no campo de onde tinha partido. Mas o quê ???

Não havia mais curral, não havia mais nave, não via mais nada.

– Lucas!!!

Era Marquinho. Ele veio ao meu encontro e disse que a gente tinha que fugir, que todos estavam mortos. Eu ainda não havia parado de chorar. Ele segurou na minha mãe e me puxou rumo a oeste, rumo ao rio.

Fomos surpreendidos por duas naves que apareceram repentinamente, impedindo-nos de prosseguir. Um som de laser saiu delas e uma rajada de luz intensa atravessou nossos corpos. Eu queria gritar, mas não conseguia. Sentia que meu corpo pesava mil quilos. Uma força gravitacional nos atraiu, cada um para uma nave, de onde saíram caldas enormes com uma boca assustadora na ponta. As lágrimas que desciam minha face demonstravam o pavor que estava sentindo.

Olhei para Marcos e vi quando a calda enrolou-se nele como uma anaconda se enrola na presa, apertando-o fortemente. Ele, ao contrário de mim, conseguiu externar sua dor com gritos. Ouvi seus ossos quebrando no abraço mortal que o Chupacabra dava, até o ponto em que seu pescoço foi abocanhado pelo tentáculo. As presas da besta se fincaram entre a clavícula e a artéria principal do pescoço, fazendo descer um fino filete de sangue.

A pele de Marquinho começou a clarear. Eu observei apavorado quando, lentamente, o sangue esvaía-se do seu corpo, fazendo secar e ficar com aparência esquelética. Em seguida, sua barriga começou a inchar até o ponto de explodir, deixando dependuradas suas tripas, mas nenhum sangue saiu do corpo.

Era aquele meu destino?

A calda enrolou-se em mim e começou a me apertar. Ò céus, que dor!!! Eu não queria morrer daquela maneira, mas estava imobilizado. Vi de perto a morte quando olhei para a boca horrenda abrir-se para cravar as presas em meu pescoço. De súbito, meu pai saiu do nada, puxou seu facão e cortou a cauda do monstro. Foi como despertar de um pesadelo o modo como me libertei. O impacto da queda me fez sair do torpor em que me encontrava. Meu pai começou a atacar a nave a golpes de facão enquanto gritava para eu fugir.

O chupacabra da outra nave agarrou meu pai pelo pescoço. Eu não pude ver, saí correndo ladeira abaixo.

Uma outra nave saiu da floresta e começou a me perseguir. Eu corri mais rápido ainda em direção ao rio. O som do sonar estava próximo. Cheguei na ribanceira de mais de 6 metros e não pensei em mais nada, só me joguei dentro do rio e desapareci nas suas profundezas.

Senti a água me levar. Abri meus olhos ainda submerso e vi uma luz sobre mim, no lado de fora. Alguns segundos depois arrisquei e subi à superfície, podendo ainda ver a bola de luz voltar flutuando pelo rio. Vi meu pai sendo sugado ao longe. Um esturro dentro da água me fez voltar a mim. Seria o Surubim? Não liguei. Tomei ar nos pulmões e deixei as águas do rio me levarem.

ÛžÛžÛž

Nadei até a praia fluvial que encontrei. Deitei-me na areia, olhando pra lua, tentando assimilar tudo o que aconteceu. Não havia explicação. Lágrimas de dor saíram dos meus olhos. Meu pai. Meus amigos. Nós… nós devíamos ter ido embora…

Olhei para o local…

– Espera! Essa é praia onde tomamos banho sempre. Estou perto de casa!

Barulhos de sonares passaram ao longe. Eu me enterrei ainda mais no chão. Eles passaram por entre as árvores mais velozes do que nunca e subiram a ladeira.

– A ladeira!!! Eles estão indo pro povoado!!! Não!!!

Corri desesperadamente para alertar a todos. Subi correndo de modo desenfreado. De longe vi uma cena que seria magnífica se não fosse apavorante no momento. As naves estavam sobre as casas, uns três metros acima. Quatro delas! Estavam lançado um raio de luz sobre elas e… meu Deus… Eram corpos!!! Eles estavam abduzindo pessoas.

Me aproximei mais e vi o corpo de dona Teresa todo sugado.

– Merda!!! Eles vieram buscar as crianças!!! Pedrinho!!!

Corri para casa e pude ver Pedrinho sendo levantado pelos ares. Ele olhou para mim e estendeu as mãos, assustado. Eu subi na pitombeira que tinha do lado da minha casa, no mais alto galho.

– Você não vai levar o meu primo!!!

E saltei sobre Pedrinho para juntos caímos no telhado de palha.

Não aconteceu.

Eu o agarrei com todas as forças mas fiquei pendurado no ar, junto com ele. Senti uma gota de lágrima que caiu do seus olhos na minha face. Ele estava assustado.

Uma calda assassina desceu. Uma janela como de para-brisa de carro abriu na nave e vi meu inimigo mortal de olhos amarelos. Ele entortava a cabeça de um lado para outro como que querendo entender o que estava acontecendo. A boca tenebrosa da calda mordeu meu braço direito. Eu comecei a gritar.

– AHHHH…. Você não vai levá-lo seu desgraçado!!!

Senti uma pontada mais forte no meu sangue. A cauda se soltou do braço e mordeu meu pescoço. A dor era quase insuportável, mas eu não pudia desistir do meu primo. Não do meu irmãozinho.

Minha visão ficou turva. Não tinha mais forças para segurar e caí. Caí sobre o teto de palha e desci escorregando até o chão coberto de areia. Senti o gosto do meu sangue saindo pela minha boca. A luz cessou, eles dispararam um laser sobre as casas que queimaram rapidamente.

As naves se juntaram no centro do vilarejo, rodando em círculos. Estendi a mão como se pudesse alcançar meu priminho. Olhei para o lado e lá estava minha mãe, ao lado de um quibane de arroz.

A dor estraçalhando meu peito.

As naves subiram ao céu e entraram em uma nave mil vezes maior que estava invisível e por alguns milésimos de segundo apareceu.

Apaguei.

Acordei sonolento pelo barulho de helicópteros aterrizando.

– O que vamos fazer Senhor ? – dizia um.

– Temos que limpar o local e não deixar vestígios.

– O FBI vai tomar conta disso.

– Senhor temos um sobrevivente!!!

Apaguei novamente.

ÛžÛžÛž

Não sei porque os Chupacabras não acabaram comigo, não me levaram. Mas alguma coisa me diz que logo logo eles me darão uma resposta.

Acordei num hospital milhões de quilômetros longe de casa. O FBI me mantem sob seus cuidados para que eu não conte nada a ninguém.

Mas eu estou contando pra você.

Acredite.

Eles não são aqueles cachorrinhos feios que você viu nos casos da TV.

Eles não atacavam humanos até que um de nós matasse um deles.

Eles querem algo conosco, com você.

Eles estão por aí, perto de você.

Observe os sinais e você poderá vê-los. Mas não vencê-los.

Acredite em mim.

Acredite.

Pois há mais coisas entre o céu e Terra do que supõe a nossa van filosofia.


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