Jack, o Estripador ou Jack the Ripper (em inglês) foi o nome dado a um assassino em série que agiu no distrito de Whitechapel em Londres no ano de 1888. Suas vítimas eram mulheres que ganhavam a vida como prostitutas.Os jornais, cuja circulação crescia consideravelmente durante aquela época, deram ampla cobertura ao caso, onde fizeram descrições monstruosas do assassino, devido à natureza selvagem dos crimes e ao fracasso da polícia em efetuar a captura dele.
Devido ao mistério em torno do assassino nunca ter sido desvendado, as lendas envolvendo seus crimes tornaram-se um emaranhado complexo de pesquisas históricas genuínas, teorias conspiratórias e folclores duvidosos. Diversos autores, historiadores e detetives amadores apresentaram hipóteses acerca da identidade do assassino e de suas vítimas.
Vítimas
De abril daquele ano a fevereiro de 1891, foram assassinadas 11 mulheres, a maioria prostitutas, mortas com cortes de faca na garganta, algumas delas completamente mutiladas e demovidas de alguns de seus órgãos. Entre as onze mortes investigadas ativamente pela polícia, chegou-se a um consenso de que cinco foram praticadas por um único criminoso, vítimas que são conjuntamente chamadas de “cinco canônicas”:
- Mary Ann Nichols (Sexta, 31 de agosto de 1888);
- Annie Chapman (Sábado, 8 de setembro de 1888);
- Elizabeth Stride (Domingo, 30 de setembro de 1888);
- Catharine Eddowes (Domingo, 30 de setembro de 1888, 45 minutos depois);
- Mary Jane Kelly (Sexta, 9 de novembro de 1888).
Como matava
Jack, o Estripador tinha um ritual básico para matar. Ele estrangulava as vítimas, puxava uma faca, usava a faca para cortar a artéria carótida (o que provocava quase a morte instantânea) e depois realizava diversos cortes nas regiões do abdômen, dos genitais e da face. Nenhuma das mulheres tinha sinais de estupro.
Investigação
A ciência forense ainda engatinhava na época. Entre as limitações mais óbvias estavam a falta de exames de DNA, impressões digitais e fotografias das cenas dos crimes. Para dificultar o trabalho da polícias, as mortes ocorreram em territórios de duas forças policiais diferentes: a City of London Police e a Metropolitan Police. Rumbelow sugere em seu livro que o assassino possa ter premeditado essa logística para atrapalhar os investigadores. A investigação foi inicialmente conduzida pela Whitechapel Division C.I.D., chefiada pelo Inspetor-Detetive Edmund Reid. Depois do assassinato de Nichols, os Inspetores-Detetives Frederick Abberline, Henry Moore e Walter Andrews foram designados pelo Escritório Central da Scotland Yard para acompanharem as investigações. Após o assassinato de Eddowes, que ocorreu nos limites da Cidade de Londres, a Polícia Metropolitana sob a chefia do Inspetor-Detetive James McWilliam também foi engajada no caso.
De acordo com a Marriott, outro fator, até então inédito, dificultou ainda mais a condução das investigações: a imprensa. Cartas falsificadas enviadas à polícia, manchetes sensacionalistas, informações deturbadas e subornos a agentes estão entre as ações dos jornalistas naquele período. A falsificação de fatos se tornou prática comum no decorrer daqueles meses, a fim de aumentar a circulação e não deixar a história morrer antes da próxima vítima do serial killer.
Cartas
Após o segundo assassinato, a polícia e os jornais começaram a receber cartas pretensamente escritas pelo autor do crime. Quase todas não passaram de trote. Um jornalista, inclusive, confessou ter redigido a primeira carta na qual aparece o nome de Jack, The Ripper (Jack, o Estripador), datada de 25 de setembro de 1888. Muitos especialistas afirmam que nenhuma delas era verdadeira, mas entre as citadas como provavelmente genuínas, tanto por autoridades da época quanto atuais, três em particular se destacam:
A carta ao “Querido Chefe”;
Tradução:
Querido Chefe
Eu continuo ouvindo que a polícia me pegou, mas eles não vão me corrigir ainda. Eu ri quando eles pareciam tão inteligentes e falavam sobre estarem no caminho certo. Aquela piada do “Avental de Couro” me deu ataque de risos. Estou chateado com as putas e não deixarei de estripá-las até que eu esteja farto. O último foi um trabalho grandioso. Eu nem dei à senhorita tempo para gritar. Como eles vão me pegar agora? Eu amo meu trabalho e quero começar novamente. Em breve ouvirão falar de mim com meus joguinhos divertidos. Guardei alguma substância vermelha em uma garrafa de cerveja de gengibre para escrever, mas estava tão espessa como a cola e não pude usá-la. A tinta vermelha é apta o suficiente, espero, ha, ha. No próximo trabalho cortarei as orelhas das senhoritas e as enviarei à polícia para me divertir. Mantenha esta carta em segredo até que eu tenha feito um pouco mais de trabalho e depois publique-a logo de cara. Minha faca é tão bonita e afiada que quero começar a trabalhar agora mesmo, se eu tiver uma chance. Boa sorte. Sinceramente seu,
Jack, o Estripador.
Não se incomode por eu estar dando meu nome profissional. Não estava bem o suficiente para enviar isto antes de tirar toda a tinta vermelha das minhas mãos. Maldita seja. Sem sorte ainda, agora dizem que sou médico, ha, ha.
O cartão-postal do “Insolente Jacky”;
Estava escrito no cartão postal:
Eu não estava brincando querido velho Chefe quando eu lhe dei a dica, você ouvirá sobre o trabalho do Insolente Jacky amanhã, evento duplo desta vez, a número um gritou um pouco e não pude terminar logo de cara. Não tive tempo de tirar as orelhas para a polícia. Obrigado por manter minha última carta em segredo até que eu volte a trabalhar novamente.
Jack, o Estripador
A carta “Do Inferno”;
Tradução:
Do inferno
Sr Lusk
Senhor
Eu envio para você a metade do rim que eu tirei de uma mulher e que conservei para o senhor. O outro pedaço eu fritei e comi e estava muito bom. Talvez eu envie a faca ensanguentada que o tirou se esperar um pouco mais.
assinado
Pegue-me quando puder.
Senhor Lusk.
Suspeitos
Mais de 300 suspeitos foram investigados e cerca de 80, presos. A concentração dos assassinatos nos fins de semana, todos em ruas próximas, parecia indicar que o assassino trabalhava durante a semana e vivia na região. Também se suspeitou que o criminoso fosse um médico, pois teria de possuir algum conhecimento cirúrgico para realizar a remoção de órgãos internos. Muitos acreditam, porém, que as extrações não tenham sido realizadas de forma tão acurada, por falta de tempo ou imperícia.
A polícia aponta quatro suspeitos:
- Kosminski, um judeu polonês que vivia em Whitechapel;
- Montague John Druitt, um professor de 31 anos que cometeu suicídio em dezembro de 1888;
- Michael Ostrog, um russo com inúmeros pseudônimos e diferentes passagens pela polícia e pelo manicômio;
- Dr Francis J. Tumblety, de 56 anos, um americano preso em 1888 por indecência em público, que fugiu do país pagando uma fiança bem alta.
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